ENTREVISTA COM O CEO DA FLUTTER BRAZIL

João Studart: "Qualquer mudança na tributação precisa ser cuidadosamente avaliada para não comprometer a sustentabilidade do setor"

Imagem: divulgação/Betnacional
17-07-2025
Tempo de leitura 3:33 min

Com a carreira iniciada no pôquer, João Studart se destacou como um dos principais nomes brasileiros na modalidade Texas Hold'em. Por mais de uma década, mergulhou no universo dos jogos online, fundando, em 2020, a casa de apostas Betnacional, segundo consta em seu perfil no LinkedIn.

Atualmente, Studart ocupa o cargo de CEO da Flutter Brazil, ecossistema que é resultado da união entre a empresa NSX Brasil (responsável pela Betnacional) e a gigante global Flutter International.

Em entrevista exclusiva ao Yogonet, o executivo analisa o avanço da regulamentação, os desafios do setor no país e as consequências do possível aumento da tributação sobre as empresas de apostas.

Confira:

Desde 1º de janeiro de 2025, o mercado de apostas e jogos online no Brasil vive uma nova fase com a entrada em vigor de todas as regras da regulamentação. Mais de seis meses depois, você diria que o setor vem caminhando bem no Brasil ou acredita que ainda há muitos desafios e gargalos a serem enfrentados?

Estamos vivenciando um momento de transformação histórica para o setor no Brasil. A regulamentação trouxe segurança jurídica, responsabilidade e previsibilidade para operadores e consumidores.

Do nosso lado, a Flutter Brazil, que nasce da união entre a maior empresa de apostas do mundo, a Flutter, e a NSX Brasil, vê esse novo ciclo com otimismo. Já cumprimos integralmente as exigências regulatórias e operamos com licença definitiva, o que demonstra nossa prontidão.

Mas é claro que o processo ainda apresenta desafios, especialmente no combate aos operadores ilegais. O trabalho agora é garantir que a fiscalização evolua com a mesma seriedade com que os operadores legais estão se adequando. É um mercado promissor, mas que precisa de compromisso coletivo com as regras para atingir todo seu potencial.


Imagem: divulgação/Betnacional

O setor está diante de um iminente aumento de tributação com a medida provisória (MP) 1.303, que eleva o imposto sobre as casas de apostas dos atuais 12% para 18% do Gross Gaming Revenue (GGR). Caso o Congresso não rejeite a MP e a nova alíquota entre em vigor a partir de outubro, você acredita que o mercado como um todo conseguirá se adaptar a esse aumento com facilidade ou o Brasil terá a perda de operadores legalizados?

Somos defensores da regulamentação e do recolhimento de tributos no Brasil, tanto que a Flutter Brazil foi uma das primeiras empresas a pagar a outorga e operar dentro das novas regras.

No entanto, qualquer mudança na tributação precisa ser cuidadosamente avaliada para não comprometer a sustentabilidade do setor legalizado. Um estudo realizado pelo Instituto Locomotiva e idealizado pelo IBJR [Instituto Brasileiro de Jogo Responsável] aponta que, hoje, as apostas ilegais representam de 41% a 51% do total do mercado de apostas. Isso corresponde de R$ 7,2 bilhões a R$ 10,8 bilhões de arrecadação não recolhida anualmente pelo governo.

O risco de perda de competitividade frente a operadores clandestinos é real. Um aumento abrupto pode dificultar a adaptação, especialmente para players menores e para aqueles que operam de forma séria e responsável. Defendemos um ambiente equilibrado: justo para o governo, saudável para as empresas e seguro para o consumidor.


Vini Jr. (imagem: @rafaelribeirorio/CBF)

Entre os embaixadores da Betnacional, estão Vini Jr., Galvão Bueno e Renato Gaúcho, três grandes nomes ligados ao esporte. De que forma a presença deles se alinha à estratégia de marketing e de negócios da marca?

A escolha dos nossos embaixadores não é apenas sobre alcance ou popularidade, mas também muito ligada à identidade de cada um desses nomes.

 Vini Jr., Galvão e Renato representam o espírito do esporte brasileiro: paixão, carisma e credibilidade. São vozes que ecoam em diferentes gerações e regiões do país, assim como a nossa marca, abraçando o sentimento de pertencimento à cultura e paixão nacional pelo futebol. 

Na Betnacional, acreditamos que a conexão emocional com o público é o diferencial. Esses nomes nos ajudam a reforçar nossa mensagem de entretenimento responsável, com autenticidade e brasilidade. São mais do que rostos da campanha, são pilares da nossa narrativa de marca.

A prevenção contra o jogo compulsivo é uma preocupação que está sempre presente quando o assunto são as plataformas de apostas. Você pode falar um pouco sobre a política de jogo responsável da Betnacional? Quais ações são adotadas para proteger o apostador?

Esse tema é absolutamente central na nossa estratégia. Somos pioneiros no Brasil em campanhas de Jogo Responsável.

Estivemos entre os primeiros a avançar com a implementação de ferramentas como autoexclusão, limites de tempo, valor e perda, além de tecnologia de reconhecimento facial para impedir acesso de menores ou pessoas não autorizadas (como impedidas por decisão judicial ou administrativamente sancionadas e beneficiários de programas sociais) exigidas pela regulamentação e indiciada por nós antes do prazo determinado.

Temos parcerias com instituições e organizações, como a que temos ativa com a EBAC [Empresa Brasileira de Apoio ao Compulsivo], que oferece apoio psicológico gratuito aos usuários em situação de risco, e com o IBJR. 

Além de sermos a primeira empresa do setor a usar o selo "Jogo Responsável" em campanhas, acreditamos que o ato de apostar deva ser levado como uma forma de entretenimento, e é nossa responsabilidade garantir que o setor continue tendo essa visão.

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